sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Sexismo Linguístico: "O HOMEM"

Eis um tema que merece atenção e reflexão: O sexismo linguístico. Esta questão é dada por irrelevante, mas embora a gente não perceba, reproduzir a linguagem (falada e escrita), como aprendemos, é de certa forma, perpetuar o patriarcado. Pois mais uma vez a mulher é invisibilizada. E isso acontece principalmente na língua portuguesa, que para especificar um grupo com mulheres e homens, ultiliza sempre o gênero no masculino - Os, todos, eles. E também refere-se à humanidade como “O HOMEM”. Ou seja, a mulher é inexistente nos livros de português. A mulher é inexistente nos livros de história. A mulher é inexistente nos livros de psicologia. A mulher é inexistente na linguagem. E reivindicar isso, é consequentemente, ser chamada de radical. Porque o artigo não tem nada a ver com o machismo. Porque não tem relação. Porque é só “modo de dizer”. “Força do hábito”. É “modo de dizer” usar frases pejorativas machistas/racistas/homofóbicas/especistas. É conveniente deixar como está, já que essas expressões NUNCA ofendem os homens-brancos-heterossexuais-especistas. Quer ofender um homem heterossexual? Chama ele de ‘mulherzinha’. Quer dizer que o trabalho dele tá mal feito? Diz que é ‘coisa de negão’. Chame ele de ‘bixa’ ou de ‘viado’. A nossa linguagem é preconceituosa. Estamos propagando uma linguagem preconceituosa, criando um futuro de pessoas preconceituosas, e insistimos em tratar esse assunto como irrelevante. Insistimos em reproduzir essas atitudes, justificando-as como sendo cultural. E de fato, é cultural. É social. Patriarcal. Nossa luta vai contra o conformismo. É desconstruir. Reinventar.
(Por: Nyh Vignoli)
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"Nós sabemos apenas essa única língua desses estrangeiros que nos invadem e nos ocupam: continuam eles dizendo-nos que nós somos diferentes deles nós ainda falamos unicamente a sua linguagem e não temos nenhuma (ou nenhuma que lembraríamos) língua própria. Parece também que nós não ousaríamos inventar uma. Sejam sinais ou gestos.

Nossos corpos falam sua língua. Nossas mentes pensam por ela. Estão os homens dentro da gente por dentro e por dentro. Nós ouvimos alguma coisa, um suspiro vago, quase audível, em algum lugar no fundo do cérebro; 'há algum outro mundo', e algumas de nós pensamos às vezes: isso um dia nos pertenceu." (Andrea Dworkin)

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