Desde pequena, vejo a heterossexualidade como um padrão sexual natural. Corrigindo: Desde pequena, MOSTRAM-ME a heterossexualidade como sendo o natural. MOSTRAM-ME a “beleza” esteriotipada e ditada pela mídia e fábricas de brinquedos (posteriormente, fábrica de pessoas), empurrando-me bonecas a goela baixo. Bonecas perfeitas, como a Barbie e suas genéricas: Magras, altas, loiras, morenas, ruivas,depiladas e com um órgão sexual invisível/proibido/intocável. Afinal, desde pequena ensinam-me que eu deveria ter vergonha do meu sexo. Masturbação, nem pensar! Como se fosse inadimissível que eu sentisse prazer sozinha, só pra depois poderem colocar na minha cabeça a necessidade que eu, supostamente teria, de um homem na vida. Ou na minha boceta. Não tenho. Não tive. E quando percebi isso em mim, pela primeira vez, me senti uma aberração. Anti-natural. Anti-mundo. Anti-tudo. Uma adolescente nadando contra o fluxo da heteronormatividade imposta, tendenciosa, excludente e ‘impregnada’ no meio social.
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Eu Me Pertenço, Eu Me Permito: Ser Livre e Contraditória
Oi, meu nome é Anônima Rotulada. Tenho 23 anos e sou lésbica-hétero-bissexual. Ativa-passiva-relativa-criativa-alternativa. Sou sua mãe, seu pai, sua filha, seu filho, sua irmã, seu irmão, sua amiga, seu amigo, namorada e namorado. Posso até ser sua mulher e seu marido também. Sou tudo e sou nada. Todos os nomes e palavras. Às vezes sou um, às vezes sou dois ou mais. E pra cada uma dessas coisas que sou, estipularam tarefas que tenho que cumprir e maneiras como eu supostamente deveria agir. Castrando a minha autonomia e vontade própria, eles querem que o meu Eu seja algo próximo, igual ou superior ao seu Eu, para quem sabe um dia possa me comparar à você ou lhe substituir, nessa disputa mesquinha de quem é melhor. Eu é que não quero mais fazer parte dessa fábrica de produtos humanos com rótulos, bulas e modos de usar. Todas essas responsabilidades e limitações que acompanham o verbo –ser-, estão me cansando e de fato, NÃO SÃO pra mim. Sinceramente, acho que esse verbo só fica bom, quando colocado ao lado do adjetivo livre.
Versinho
Te quero leve, te quero livre
Te quero linda, te quero viva
Te quero aí, te quero aqui
Te quero lá, te quero ali
Te quero linda, te quero viva
Te quero aí, te quero aqui
Te quero lá, te quero ali
Te quero rindo, te quero chorando
Te quero aprendendo, te quero ensinando
Te quero TUDO, te quero TUA
Mas te quero emprestada, de vez enquando...
Te quero aprendendo, te quero ensinando
Te quero TUDO, te quero TUA
Mas te quero emprestada, de vez enquando...
(Nyh Vignoli)
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