sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O nosso machismo de cada dia


Vivemos em uma sociedade patriarcal onde desde pequenxs somos enfiadxs goela baixo um sexismo de merda, separações por gênero, machismo, homofobia e racismo numa sociedade doente que nos obriga a seguir seus padrões sociais, onde tudo isso faz parte do nosso cotidiano desde que somos
crianças.
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Desde pequenas somos alvos de piadinhas infames ensinadas aos meninos pelos nossos pais, desde pequenas ouvimos frases que mesmo com o passar dos anos vejo sendo repetidas de geração em geração. Somos assediadas, violentadas fisicamente e moralmente todos os dias. A figura da mulher permanece sendo a dona de casa, frágil, que cuida dos filhos e da casa e não há problema nenhum em ser dona de casa, desde que você escolha isso. A sociedade quer te construir assim: dependente, submissa! você tem que brincar de cozinhar, de arrumar a casa, você tem que brincar de cuidar das suas bonecas.    Uma frase de uma brincadeira “para meninas” ecoa na minha mente:  ”com quem você pretende se casar?”  será apenas brincadeira?
 Quando era pequena gostava muito de jogar futebol, brincar de lutinha, jogar taco e sofria muito com isso, sempre ouvi  ”você é menina e futebol é coisa de menino”  ou do meu pai “o que que tu quer na rua brincando com um monte de guri, sair por ai jogando bola, tu é GURIA, vai brincar com as tuas bonecas”.
 Desde sempre meus pais me faziam arrumar a minha bagunça e a bagunça do meu irmão porque  era minha obrigação como figura feminina arrumar a bagunça do meu irmão.
Certa vez quando tinha uns 9  anos, meu vizinho(com idade pra ser meu avô) quis me assediar, mas eu fugi dele e até hoje penso que poderia ter sido estuprada aquele dia.
Quando mudei de escola sofri anos de um forte bullying com vários apelidos e fui motivo de chacota por muito tempo pelos meus colegas porque sempre fui muito magra sendo assim nunca fui um padrão de beleza (mesmo isso tendo começado na 5ª serie quando eu tinha 10 anos) fui muito tempo revoltada por isso, até o dia que resolvi não ligar mais.
Ouço comentários estúpidos sobre garotas que foram estupradas o tempo inteiro, as vezes da minha própria família coisas como: “mas também, ela estava andando sozinha a noite pediu pra ser estuprada” ou “aquela roupa estava provocando o cara”  nunca, JAMAIS a culpa vai ser da vítima, sabe o que tem de incomum em todos esses casos? TODAS ERAM MULHERES!   Eu ouço isso todos os dias, na internet, da minha família, das pessoas nas ruas, nos ônibus e em todos os lugares e NÃO ME CALO, não consigo ouvir esses absurdos o tempo inteiro e ficar quieta, não admito!
Minha mãe quando tinha uns 12 ou 13 anos descobriu que o padrasto dela planejava estuprá-la, então ela contou pra minha vó que não acreditou e a expulsou de casa.
Ano passado quando ela deu um pé na bunda de seu namorado  foi PERSEGUIDA muito tempo, ameaçada de morte, ele invadiu nossa casa 2 vezes em uma delas tentou mata-la sufocada com gás de cozinha e duas vezes agrediu-a na rua, a policia não fez praticamente nada, MESES depois que ele sofreu alguma consequência. Por segurança, tivemos que nos mudar, trocar de telefone e paramos de frequentar lugares que costumávamos ir, vivemos no MEDO, no CAOS por causa de um MACHISTA IMBECIL que assim como muitos outros pensam que as mulheres são propriedades deles.
As pessoas ainda não acreditam que esse tipo de violência acontece TODOS os dias com MUITAS mulheres, e penso que talvez assim, cuspindo a realidade na cara talvez assim elas enxerguem.
Porque eu sou feminista? - Porque eu vivo tudo isso todos os dias, porque não sei ficar calada, porque estou CANSADA, de ver, viver e ouvir absurdos, estou cansada de saber que existem muitas “marias da penha” por ai.  Não venha me dizer que ser feminista é exagero, eu LUTO contra toda essa escrotice! Estes são os porque’s, o porque do meu posicionamento, da minha ideologia, e também o porque da minha revolta.
"O objetivo não é mais se tornar tão semelhante aos homens quanto possível, mas transformar radicalmente as relações de gênero, projeto político que, por sua vez, requer a superação de todas as formas de desigualdade." (Verena Stolcke)
J.

Outros textos da J. no link:  http://falo-e-nao-me-calo.tumblr.com/

quinta-feira, 8 de março de 2012

I felt a funeral in my brain.


I felt a funeral in my brain,
And mourners, to and fro,
Kept treading, treading, till it seemed
That sense was breaking through.

And when they all were seated,
A service like a drum
Kept beating, beating, till I thought
My mind was going numb.

And then I heard them lift a box,
And creak across my soul
With those same boots of lead, again.
Then space began to toll

As all the heavens were a bell,
And being but an ear,
And I and silence some strange race,
Wrecked, solitary, here.

And then a plank in reason broke
And I dropped down and down
And hit a world at every plunge--
And finished knowing then.

by Emily Dickinson


Há todas as mulheres que, dia após dia, lutam e sobrevivem à sociedade patriarcal e machista. A luta e o reconhecimento não podem ser limitados apenas a uma data.

Oito de março: mais um dia de luta para todas as mulheres que sentem seus corpos e almas roubadas. Que se sentem pisoteadas pelas botas alheias.

Ornella Dapuzzo

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Além do caso "bbb"


Dando uma olhada geral no face percebi que o assunto em comum, nesses últimos dias é o Estupro.
Além disso, me deparei (e fiquei surpresa) com comentários de amigas , mulheres, culpando e dizendo BEM FEITO para o ocorrido desse BBB (que n vi, mas já li bastante sobre).

Caras/caros amigas/amigos desse facebook... Vamos esclarecer alguns princípios básicos...
1 - As pessoas não são estupradas apenas em becos sem saída.
2 - Nem todo estupro está diretamente ligado à violência fisica (porrada) [o que é contraditório, pois estupro em si é uma violência física], enfim...
3 - As mulheres não são estupradas por que bebem, por que usam saia, ou porque dançam: ela são estupradas por que alguém violou/violentou as vontades corporais delas, em outras palavras, são estupradas porque alguém as estuprou. Got it?
4 - O estupro, quando com mulheres vitimas, só ajudam a propagar ainda mais a cultura da mulher como objeto dos homens.

Não caiamos no senso comum de limitar o estupro aos acontecimentos das ruas, em ruas desertas, com violência/assassinato. Existe estupro dentro das próprias casas e muitas mulheres nem sabem que o sofrem.
Quero deixar aqui um simples apelo: não culpe as vítimas por serem estupradas.

Daí virá o raciocínio de muitas pessoas: " mulher bem que pede pra ser atentada, usando aquelas roupas curtas, bebendo, dançando de maneira provocativa, e bla bla bla". E mais uma vez vocês irão me desculpar: a culpa não pode ser direcionada para a maneira de se vestir, nem pelo fato de mulheres hoje em dia terem total liberdade de beber e muito menos por dançarem, da maneira que bem entenderem.

Vamos começar a educar os meninos, desde pequenos. Se tu tá subindo pelas paredes, nos teus 14, 15 anos e a menina não quer transar contigo: MASTURBA-TE. Não força. Ela não quer, ela não precisa ser forçada, pressionada e ouvir promessas. Isso é um tipo de estupro. Há milhares de meninas fazendo sexo por pressão, por causa de milhares de meninos que não respeitam o tempo delas.

Meninas, vocês têm total liberdade de dizer NÃO, quando não sentirem que estão prontas.

Posso me estender um tanto mais aqui. Mas deixo próximos argumentos para comentários que podem aparecer.

"Mulheres não são estupradas por causa do que bebem ou vestem. Mulheres são estupradas por que alguém as estuprou." e isso é crime!!

Ornella Dapuzzo

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Dia Latino-Americano Pela Descriminalização do Aborto

Para Goretti Lopes, chefe de gabinete da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, o aborto deve ser tratado sem hipocrisia, como um caso de saúde pública.





Aborto Legal, Seguro e Gratuito é Direito de Toda a Mulher:



Neste Domingo (25/09), o Coletivo Antissexista Corpos Em Revolta organizou um ato pela
descriminalização do aborto.
O protesto ocorreu no Brique da Redenção (Porto Alegre/RS), por volta das 16 horas. A cada 8 minutos, tocava o sino e um grito de revolta pedia à atenção das pessoas que passavam, para que ao menos refletissem sobre o tema. Gritávamos: "Morreu mais uma mulher, vítima de aborto clandestino". Após algum tempo, saímos em caminhada por todo o parque, com os corpos riscados e as faixas erguidas. Nesse momento, fomos seguid@s por um homem, que tentou interferir no protesto de modo pejorativo. Nos enfrentando com frases como "matadoras de criancinhas", "assassinas"... e assim, correndo à nossa frente e deturpando nosso real intuito e fazendo terrorismo psicológico com famílias que passeavam com suas crianças no parque. Este homem desconhecido não desistiu e nos acompanhou com seu discurso ofensivo até o fim do ato, que teve seu fim na frente do Arco da Redenção.
Apesar de termos contado com um pequeno número de pessoas, observamos que muit@s nos apoiaram e demonstraram bastante interesse no assunto.












( Fotos: Marian Pessah, Ornella Dapuzzo. )

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Incentivador de Estupradores é Destaque no The New York Times

" Rafinha Bastos (34), eleito o mais influente do Twitter, será apresentado ao público nova-iorquino no próximo domingo, 7, quando será capa do caderno Arts and Leisure do jornal The New York Times. A publicação entrevistou o humorista brasileiro para fazer um perfil de duas páginas e assistiu seu espetáculo stand up.
A matéria com Rafinha foi feita pelo jornalista americano Larry Rohter (61), correspondente do jornal que, em 2004, teve seu visto para o Brasil cassado devido uma reportagem polêmica sobre o ex-presidente Lula. O site do The New York Times já traz uma prévia da matéria impressa, apresentando Rafinha como o ‘líder de um grupo de comediantes brasileiros irreverentes e destemidos’.”
( Fonte: Caras UOL )

É triste e revoltante saber que um cara que diz que "mulher feia quando é estuprada deveria agradecer ao estuprador" é o MAIS INFLUENTE DO TWITTER. Ele faz apologia à violência contra a mulher EXPLICITAMENTE, em forma de piada. Todo o seu humor, se resume à piadas machistas. 2.754.363 pessoas o seguem no Twitter. Presumo que mais de 2.754.363 pessoas estão rindo de sua piadas, e me pergunto, se dessas 2.754.363 pessoas, alguma tem na família ou conhece uma vítima de estupro.

Sexismo Linguístico: "O HOMEM"

Eis um tema que merece atenção e reflexão: O sexismo linguístico. Esta questão é dada por irrelevante, mas embora a gente não perceba, reproduzir a linguagem (falada e escrita), como aprendemos, é de certa forma, perpetuar o patriarcado. Pois mais uma vez a mulher é invisibilizada. E isso acontece principalmente na língua portuguesa, que para especificar um grupo com mulheres e homens, ultiliza sempre o gênero no masculino - Os, todos, eles. E também refere-se à humanidade como “O HOMEM”. Ou seja, a mulher é inexistente nos livros de português. A mulher é inexistente nos livros de história. A mulher é inexistente nos livros de psicologia. A mulher é inexistente na linguagem. E reivindicar isso, é consequentemente, ser chamada de radical. Porque o artigo não tem nada a ver com o machismo. Porque não tem relação. Porque é só “modo de dizer”. “Força do hábito”. É “modo de dizer” usar frases pejorativas machistas/racistas/homofóbicas/especistas. É conveniente deixar como está, já que essas expressões NUNCA ofendem os homens-brancos-heterossexuais-especistas. Quer ofender um homem heterossexual? Chama ele de ‘mulherzinha’. Quer dizer que o trabalho dele tá mal feito? Diz que é ‘coisa de negão’. Chame ele de ‘bixa’ ou de ‘viado’. A nossa linguagem é preconceituosa. Estamos propagando uma linguagem preconceituosa, criando um futuro de pessoas preconceituosas, e insistimos em tratar esse assunto como irrelevante. Insistimos em reproduzir essas atitudes, justificando-as como sendo cultural. E de fato, é cultural. É social. Patriarcal. Nossa luta vai contra o conformismo. É desconstruir. Reinventar.
(Por: Nyh Vignoli)
...

"Nós sabemos apenas essa única língua desses estrangeiros que nos invadem e nos ocupam: continuam eles dizendo-nos que nós somos diferentes deles nós ainda falamos unicamente a sua linguagem e não temos nenhuma (ou nenhuma que lembraríamos) língua própria. Parece também que nós não ousaríamos inventar uma. Sejam sinais ou gestos.

Nossos corpos falam sua língua. Nossas mentes pensam por ela. Estão os homens dentro da gente por dentro e por dentro. Nós ouvimos alguma coisa, um suspiro vago, quase audível, em algum lugar no fundo do cérebro; 'há algum outro mundo', e algumas de nós pensamos às vezes: isso um dia nos pertenceu." (Andrea Dworkin)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Aula de Música Para Iniciantes

Para quem não sabe, eu (Nyh V.), tenho um projeto de aulas de música para iniciantes, em Porto Alegre/RS. O curso visa desenvolver muito mais a prática do que a teoria, e tem foco em noções básicas sobre musicalidade. Toco e tenho contato com a musica há mais ou menos dez anos. Sou autodidata, e fui buscando aprimorar meu conhecimento, para passar à diante. Com a intenção de incentivar o meio musical feminino, ofereço um valor mais acessível para mulheres.

Carga Horária:
1 hora por semana.
Instrumentos:
  • Violão
  • Guitarra
  • Baixo
  • Teclado
Disponibilidade:
Segundas às quintas: 10hs às 21hs.
Sextas: 10hs às 16hs.
Sábados e Domingos: consultar horários.

Opções de Pagamento
Por QuinzenaPor Mês
Homens40,00R$ + 40,00R$80,00R$
Mulheres25,00R$ + 25,00R$50,00R$



Se você se interessou pelo curso e gostaria de ter mais informações, envie um e-mail para thelsiders@gmail.com ou clique aqui e especifique o assunto. Não esqueça de informar sobre o instrumento que deseja aprender, opção de pagamento e seu e-mail/telefone para contato.